Do Pote de Vandelli ao modelo floral de Brendel
Pote de botica, exemplar em cerâmica esmaltada, dita de Vandelles, da Fábrica de Faiança de Santa Clara, Coimbra (1784- 1810). Desta Fábrica era proprietário o naturalista italiano Domenico Vandelli (1735-1816). Lente de Química e de História Natural da Universidade de Coimbra foi o primeiro diretor (1772-1791) do atual Museu da Ciência.
Utilizado para a conservação de plantas secas, o Pote (QUI.0225) possui a inscrição do nome e numeração de uma das classes – Classe XV, TETRADYNAMIA – do reino Plantae, do sistema de classificação das plantas de Lineu, autor do Sistema Natural ou Systema naturae, 1735.
O maior impacto deste sistema de classificação foi Lineu, considerado o “pai da taxonomia”, ter incorporado uma ideia já explorada por autores da época, a reprodução sexual das plantas, e eleger a flor para os critérios de classificação. Assim, as 24 Classes de Plantas foram definidas com base no número, proporção e posição dos estames em relação aos pistilos, sendo as subdivisões determinadas pelo número de estigmas e formato do pistilo.
Este facto explica o nome inscrito no Pote – TETRADYNAMIA – refere-se a flores hermafroditas com seis estames livres, sendo quatro maiores e dois menores, a que se associou um modelo floral de R. Brendel (BOT.00570) de uma planta de mesma Classe de Lineu, a espécie Brassica napus L. , conhecida por nabo ou colza.